Capítulo 9 - o filho secreto do bilionário
- Erica Christieh

- 16 de jul.
- 5 min de leitura

Um dia inteiro andando pela cidade não foi suficiente para Antonela conseguir um emprego. Ela entregava os currículos, conversava com os donos da loja, mas as portas se fechavam em seguida.
Tentou entender por que parecia tão difícil conseguir um emprego naquela cidade, mas não encontrou as respostas. Antonela estava cansada demais para pensar e a fome a deixava estressada. Ligou para Dominique pedindo para vir buscá-la. Embora ela quisesse saber tudo o que havia acontecido naquele dia caótico, Antonela não abriu a boca até finalmente entrar no veículo.
— Como está o Adam? - A pergunta, embora normal para uma mãe, deixou Dominique um pouco inquieta.
— Ele está ótimo! – olhou para ela, antes de ligar o carro e partir – por favor, diga que tem boas notícias.
— Não tenho boas notícias – instalou os lábios com irritação – todas as portas nessa cidade parecem fechadas para mim. Os meus pés estão cheios de calos de tanto andar e não conseguir nenhuma oportunidade.
Dominique achou aquilo bastante estranho, afinal Antonela tinha uma boa aparência, era jovem e com o ensino médio completo. O que poderia impedir ela de conseguir o emprego?
— Amanhã tentaremos novamente – ela disse, determinada, mas sua empolgação não atingiu Antonela como deveria – certamente você não procurou nos lugares certos.
Ela francamente quis sair do veículo para não ter que ouvir Dominique dizer que tudo ficaria bem. Antonela sabia que não ficaria, ela já havia tentado isso outras vezes, antes de descobrir que estava grávida e fugir daquela maldita cidade. Fechou os olhos com força, sabendo que não teria ânimo para sair novamente e ir procurar emprego.
— O melhor que faço é arrumar minhas coisas e partir desse lugar – disse e foi como uma desilusão sendo jogada nos planos de Dominique – nós já tentamos isso outras vezes e não funcionou.
— Não seja tão pessimista – Dominique forçou um pouco mais – posso tentar um emprego para você onde eu trabalho. Aliás, eu não te contei que agora trabalho para o Benjamim. Tenho certeza de que ele não negará essa oportunidade para você.
Ficou boquiaberta com a revelação de Dominique. Se perguntou o que mais Dominique escondia sobre a vida que viveu por três anos longe dela. Mas um sorriso amargo atravessou seus lábios quando ela percebeu a armadilha que estava prestes a cair.
— O que fiz de errado para merecer isso? – achou que Dominique só podia estar de brincadeira – o que mais você tem para me contar, Dominique? Se embriagou e dormiu com ele também?
— Como pode pensar algo assim ao meu respeito? – seu semblante se contorceu e ela se sentiu ofendida – os negócios de Benjamim se expandiram pela cidade. Ele é praticamente dono de quase tudo o que tem aqui. Metade dos habitantes trabalha para ele.
Estava explicado o motivo dela não conseguir emprego. Sua mente fértil imaginou que Benjamim havia dado ordens aos seus subordinados para não darem a ela nenhuma oportunidade. Ele certamente queria que ele se humilhasse atrás dele, mas isso não aconteceria.
— Está aí mais um motivo para que eu vá embora desse lugar – sua voz tomou um tom agressivo e impaciente – e não tente me convencer a trabalhar para aquele homem, isso não vai acontecer.
— Deveria deixar de ser orgulhosa e lembrar que agora tem um filho para cuidar – freou o carro bruscamente. Dominique sempre fazia isso quando estava irritada – estou tentando ajudá-la, Antonela. Trabalhar para o Benjamim é a melhor oportunidade que você terá em toda a sua vida.
Com o carro parado no meio da avenida, Antonela desceu do veículo, batendo a porta com força. Ela mal percebia que acima de sua cabeça uma tempestade se formava e que ir embora a pé era uma péssima ideia. Mas ela estava tão irritada com as palavras de Dominique que não suportaria mais ficar ao lado dela nem por um segundo.
— O que está fazendo, Antonela? – Dominique desceu para olhá-la, mas ela já avançava para longe – volte para o veículo, eu te levarei em casa.
Mas Antonela fingiu não a escutar. Virou a esquina e desapareceu sem que Dominique tivesse a chance de encontrá-la. Antonela precisava de um tempo para pensar. Os últimos acontecimentos estavam a deixando triste e estressada. Havia sido obrigada a voltar àquela cidade para se despedir da mãe. Perdeu o emprego em menos de vinte e quatro horas depois, sem dinheiro e sem perspectiva, ela não enxergava nenhuma saída. Adam precisava que ela fosse forte, mas Antonela naquele momento não sabia o que fazer.
O céu escureceu de repente e a tempestade a alcançou. Quando ela chegou na fazenda, estava ensopada e tremendo de frio. No dia seguinte, acordou com dores de cabeça e febre. Ficar doente naquele momento era tudo o que ela não precisava. Observou Dominique chegar do trabalho e trazer uma xícara cheia de chá e sentar-se ao seu lado na cama. Ficaram em silêncio por alguns segundos até outra bomba ser jogada em seu colo.
— Benjamim foi à empresa hoje me perguntar sobre você – as palavras de Dominique fizeram Antonela engasgar-se com o líquido.
Ela estava vermelha com a falta de ar.
— Ele queria saber onde você estava – ela continuou – mas eu disse que não fazia ideia. Aquele homem parece disposto a persegui-la.
— Ele sabe onde você mora? – disse ainda com dificuldade.
— Ele é o meu patrão, Antonela – essas palavras bastaram para que Antonela se levantasse eufórica e começasse a arrumar suas roupas em uma mala, quando Dominique a impediu – até quando vai ficar fugindo? Duvido que consiga ir muito longe sem dinheiro e com uma febre de quarenta graus.
— Ele não pode saber da existência do Adam – foi quando se sentiu obrigada a parar devido à fraqueza que acometeu seu corpo febril.
— Ele não saberá – Dominique a segurou, deitando-a na cama novamente – o endereço que ele tem é da nossa casa no centro da cidade. Ninguém faz ideia de que moramos aqui.
Isso foi o bastante para acalmar Antonela. Quando Adam entrou no quarto, as mulheres foram obrigadas a encerrar o assunto, ainda que aquilo fosse se estender ainda por muito mais tempo.
Quando Antonela finalmente se recuperou, percebeu que Dominique tinha razão. O dinheiro de suas economias havia acabado e ela não conseguiria ir muito longe sem dinheiro. Olhava para Adam tão feliz naquele lugar e pensou que não tinha o direito de inibir o filho de tal alegria. Lembrou-se então do cartão que Benjamim havia dado no dia em que se encontraram. Ele era sua única chance.
Ligou para o número e se surpreendeu ao ouvir a voz dele do outro lado.
— Oi, Benjamim – com o coração martelando no peito, ela achou que não conseguiria prosseguir.
— Que bela surpresa, Antonela – surpreendeu de que ele reconhecesse sua voz – espero que tenha me ligado para me dar uma boa notícia.
Ela fechou os olhos com força antes de responder. Esperou não se arrepender sobre o que estava prestes a fazer.
— Eu aceito o emprego – disse finalmente – quando podemos começar?
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