Amazon x Plataformas de escrita
- Erica Christieh
- 28 de jan.
- 5 min de leitura
Atualizado: 28 de fev.
Qual a diferença entre elas e como podemos tirar vantagem disso. A mudança começou e ninguém percebeu.
Estamos vivendo uma mudança silenciosa na maneira como escritores publicam e ganham dinheiro com seus livros. E essa mudança vem acontecendo desde a pandemia. Quem não entender o jogo agora e se adaptar a ele, vai ficar para trás.
Hoje vamos explorar um pouco as diferenças entre a Amazon x plataformas de escrita e como essas diferenças podem mudar a visão e até a carreira de muitos escritores. Espero que você esteja preparado e abra sua mente para entender o que vou dizer agora.
A Amazon
A amazon Foi fundada por [Jeff Bezos] [Washington] em 5 de julho de 1994. A empresa começou como um mercado online de livros, mas expandiu-se para vender eletrônicos, software, videogames, vestuário, móveis, alimentos, brinquedos e joias.
A Amazon chegou ao Brasil em 2012, quando vendia apenas livros eletrônicos. Em 2014, a empresa passou a vender livros físicos. Foi somente em 2017 que começou a comercializar uma variedade maior de itens. Antes disso, os escritores brasileiros podiam apenas publicar seus livros por grandes ou pequenas editoras e muitas vezes gastava muito dinheiro para ter o privilégio de ter um livro publicado.
A amazon deu ao escritor o direito de gritar por liberdade. Qualquer um podia facilmente publicar seus livros, bastava uma revisão, boa diagramação e uma capa que chamasse a atenção. O Kindle unlimited é basicamente, a cada página lida, o autor é remunerado. Atualmente, este valor gira em torno de R$ 0,008 e R$ 0,01 por cada página lida. Se um livro tem 200 páginas e o leitor completou a leitura, o escritor receberá algo em torno de R$ 1,60. É um valor baixíssimo!
Porém, é mais vantajoso para um escritor publicar na Amazon, por exemplo, onde ele ganha entre 35% e 70% do que em editoras tradicionais.
As vantagens são enumeras como a Independência, a facilidade de escolher o melhor preço. Porém, não há um medidor de qualidade. A facilidade em publicar na Amazon escancarou a porta para a péssima literatura, a falta de cuidado com o texto e o amadorismo de muitos que se intitulam escritores.
Plataformas de leitura
Quando a pandemia chegou ao Brasil, estourou uma onda de plataformas de escrita onde escritores publicavam seus livros e ganhavam em dólar. Dreame, Buenovela, Hinovel e a Fizzo ganhavam espaço no mercado brasileiro. Com o avanço da digitalização, os leitores brasileiros, sempre ávidos por histórias envolventes, encontraram uma forma prática nesses serviços e econômica de acessar literatura variada, especialmente em gêneros como romance, fantasia e ficção jovem-adulta.
Eu mesma, entrei no mundo das plataformas quando conheci a Fizzo em 2022. Eu assinava contrato e recebia por palavras escritas sem depender diretamente dos leitores. A Fizzo foi embora com a pandemia e as plataformas que permaneceram no Brasil tinham uma maneira totalmente diferente de remunerar os escritores.
As plataformas de escrita e leitura diferem muito da Amazon. O seu livro precisa ser aprovado, você precisa assinar um contrato e o seu livro precisa vender. O pagamento dentro dessas plataformas é em dólar. Não há facilidade e, embora existam alguns livros de péssima qualidade dentro dessas plataformas, esses livros não conseguem render muito. As plataformas exigem do escritor o seu melhor, em todos os aspectos.
Diferença entre Amazon x Plataformas.
Embora tanto a Amazon quanto plataformas de escrita digital tenham como objetivo conectar leitores e autores, elas possuem diferenças significativas em relação à abordagem e modelo de negócio:
1. Público-alvo:
Amazon (Kindle Direct Publishing — KDP): Abrange todos os gêneros e públicos, incluindo autores independentes que publicam livros completos em formato e Book ou físico.
Plataformas de escrita: São mais focadas em leitores de séries e capítulos episódicos, especialmente em gêneros como romance, fantasia e histórias rápidas de consumo. (Nichos específicos)
2. Formato de publicação:
Amazon: Foca na publicação de livros completos, permitindo que autores publiquem livros únicos ou séries no formato e Book, brochura ou capa dura.
Plataformas de escrita: Incentivam histórias seriadas, publicadas por capítulos, criando um ambiente de leitura contínua e interação com o público.
3. Modelo de monetização:
Amazon: Os autores definem o preço de venda dos seus livros e recebem royalties (geralmente 35% ou 70%, dependendo do preço e da região).
Plataformas de escrita: Utilizam um sistema de capítulos pagos. Os leitores compram moedas virtuais para desbloquear capítulos, e os autores recebem uma porcentagem baseada nessas compras.
4. Controle e exclusividade:
Amazon: Não exige exclusividade, a menos que o autor opte pelo programa Kindle Unlimited (KDP Select), que tem royalties baseados no número de páginas lidas.
Plataformas de leitura: Existem dois tipos de contrato: não exclusivo e de exclusividade. No segundo caso, impedindo o autor de publicar a mesma obra em outras plataformas.
5. Experiência do leitor:
Amazon: Oferece um catálogo imenso de livros completos, geralmente voltado para leitores que buscam obras de todos os tamanhos.
Plataformas de escrita: criam um ambiente ramificado, com recompensas, moedas virtuais e interação social (comentários e discussões nas histórias). A maioria das histórias é longa, entre 100 mil até 1 milhão de palavras. Quanto mais o escritor escreve, mais ele ganha.
6. Diferenças no geral
Amazon:
Qualquer um, escritor experiente ou um amador, pode publicar seu livro.
O escritor recebe menos de 1 centavo por palavras lidas. Embora os Royalties sejam entre 35% e 70%.
Não precisa assinar contrato, a não ser no Kindle unlimited.
Livros mais baratos.
O escritor precisa divulgar incansavelmente para vender os próprios livros.
A empresa é mundialmente conhecida.
Plataformas de leitura:
O livro precisa passar por uma avaliação.
O escritor precisa assinar contratos, independentemente de ser exclusivo ou não exclusivo, que duram 5 anos ou mais.
O escritor recebe bonificações (assinatura, mensal e de conclusão). Além de receber 50% da venda dos capítulos.
É caro desbloquear os capítulos.
Todo o marketing e divulgação é feito pela plataforma. Dando ao escritor liberdade e conforto para apenas escrever os livros.
Eles pagam uma parcela dos seus anúncios para os escritores.
Conclusão.
Estou há 3 anos trabalhando para as plataformas de escrita e já assinei mais de 50 contratos em diversas delas. A maioria dos contratos não exclusivos. Já experimentei momentos de alegria e de pura frustração, me dei bem em algumas, fracassei em outras, mas esses três anos foram os melhores da minha carreira como escritora.
Durante muito tempo, eu pensei ser impossível viver da escrita, eu não tinha mais esperança, eu quis desistir. Fiquei entre 2018 e 2022 longe da literatura e eu acreditei que nunca mais escreveria um livro em minha vida.
Quando assinei meu primeiro contrato, o sol voltou a nascer. Eu mal acreditei quando vi 1500 reais na minha conta. Lembro de chorar naquela manhã. O meu sonho de viver daquilo que eu amava fazer finalmente estava se realizando.
Nesses três anos, foram mais de dez livros escritos e distribuídos em mais de 20 países. Tenho os meus livros traduzidos para o inglês e o espanhol e alcancei corações e leitores por todos os lugares que passei. As plataformas me deram o direito de receber bem por aquilo que eu produzia. Me sinto realizada e valorizada. Realizei sonhos, trouxe dignidade para mim e para minha família, me dei o direito de voltar a sonhar.
Quando comecei a escrever em 2010, a Amazon nem havia chegado ao Brasil. Foram tempos difíceis. Lutei muito para ter meus livros lidos durante esse tempo. A Amazon me forçava a divulgar e eu não conseguia alcançar o êxito.
Ganhei muito pouco na Amazon, nesses quinze anos. E sendo verdadeira, graças a Deus eu não dependo mais dela para escrever. A Amazon é ótima para muitos, mas não para mim. Eu já encontrei o meu caminho.
Entre a Amazon e as plataformas de escrita, eu fico com as plataformas de escrita, mesmo diante de todos os seus problemas.