Capítulo 17 - o filho secreto do bilionário
- Erica Christieh

- 17 de jul.
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Benjamim balançava a cabeça enquanto olhava para as algemas que espremiam seus pulsos. Aquilo era gelado e dava a ele uma sensação de vulnerabilidade. Benjamim odiava se sentir assim.
— É mesmo necessário tudo isso? – ele levantou os punhos, mostrando o objeto reluzente ao delegado – Não me lembro de ter machucado alguém hoje. Ao contrário, estou ferido e precisando de cuidados médicos. Exijo que me solte imediatamente.
Ele se levantou para encarar Benjamim e parecia ter ressentimentos contra o bilionário mais famoso da cidade. Olhou para ele com desdém e um sorriso debochado surgiu em seus lábios.
— Não é porque você é o homem mais rico dessa cidade que vou cumprir ordens suas, senhor Dylon – Benjamim já esperava por aquilo – você manda nos seus funcionários e eu não sou um deles.
Benjamim se lamentou de ter que encontrar Vladir naquela situação. O delegado esperava apenas uma oportunidade para fazê-lo pagar por sua soberba. Ele jamais se esqueceria da humilhação que ele fez sua irmã mais nova passar. A seduziu, levando para cama e no dia seguinte a desprezou, dizendo que não tinha nenhum interesse naquela relação. Todos na cidade conheciam a fama galanteadora de Benjamim, como aquela mulher caiu em seu jogo sujo?
— Vai me culpar eternamente por rejeitar a sua irmã?
— Você desonrou a nossa família – ela fechou os punhos e bateu com força na mesa de madeira, mas Benjamim não se intimou – ela era virgem e você sabia e, após desonrá-la, a desprezou.
— Em qual século você acha que estamos vivendo Vladir? – indagou se levantando – a sua irmã não me parecia tão inocente, já que o pedido para levá-la para cama partiu da senhorita inocente.
O deboche de Benjamim foi o limite para Vladir. Ele avançou sobre Benjamim, agarrando-o pelo colarinho e o intimidando. Seus olhos faiscavam ódio e ele estava pronto para recuperar a honra perdida pela irmã.
— Está insinuando o quê? – o pressionou contra a parede, sabendo que Benjamim não teria como se defender – que minha irmã venderia a honra dela para ficar com você?
— Que ela achou que poderia me enganar, para dar um golpe em mim – disse, embora soubesse que não teria como se defender, caso Vladir decidisse atacá-lo, ele prosseguiu mesmo assim – nenhuma mulher até hoje conseguiu me prender.
Vladir se afastou e Benjamim ficou surpreso por ele não terminar aquele serviço de uma vez. O rosto dele estava contorcido em ódio, mas ele se forçou a recuar.
— E a Antonela, era tão ruim assim? – ele perguntou e Benjamim levantou uma sobrancelha completamente, confuso com a declaração – e você vai se casar com a irmã dela para reparar o erro. Tem certeza de que nenhuma mulher consegue prendê-lo?
— Não sei onde você quer chegar com esse assunto – abaixou a cabeça, abatido pela própria vergonha.
— Estou dizendo que a vida dará o seu jeito de fazer você pagar pelo mal que fez – disse ele, convicto de suas palavras. Mas Benjamim não era um homem que acreditava nessas coisas e as palavras de Vladir soavam como um monte de besteiras em seus ouvidos – você não vai mais se gabar da próxima garota que dormir em seu quarto e for destruída pelo seu desprezo.
Benjamim caiu na gargalhada, mas seu desprezo não agradou Vladir. O sorriso foi rompido tão rapidamente, quando uma mulher entrou na sala do delegado e se colocou em frente a ele.
— Você não pode prender o Benjamim – ela estava ofegante, como se tivesse corrido uma maratona – a culpada pelo acidente fui eu. Puxei o freio de mão, fazendo o carro derrapar e causando todo aquele transtorno.
O coração de Benjamim disparou com a presença surpresa de Antonela. Ele não conseguiu deixar de olhar para os seus olhos verdes. Ele se aproximou quando seus olhos se encontraram com os dela, como conduzidos por um transe, e a sua voz, que fazia seu coração pular em uma batida diferente de tudo.
Suas palavras eram simples, e sua voz mal não era alta o suficiente para causar desconforto em Vladir.
— Prenda-me no lugar dele – ela estendeu os dois braços, se rendendo.
— O que diabos você acha que está fazendo? – imediatamente as mãos de Benjamim a alcançaram, forçando abaixar as suas. Ele olhava para ela furioso – não me lembro de ter pedido sua ajuda.
— Eu deveria deixá-lo apodrecer nessa cela, porque é isso que você realmente merece – seus olhos se encontraram com os dela e ela ergueu a sobrancelha ao constatar a expressão em seu rosto – mas sou uma mulher justa, Benjamim e jamais deixaria alguém pagar por um erro que é somente meu.
— Você não pode dar ouvidos a ele, Vladir – desviou o olhar até o delegado, que se mantinha em silêncio – a Antonela só quer fazer o papel de boa samaritana para que talvez assim eu a perdoe, pelo seu péssimo primeiro dia de trabalho.
Antonela balançou a cabeça para si mesma, sabendo que estava sendo ridícula ao ir defender Benjamim. Uma sensação pesada se instalou em seu peito e ela quis ir embora para nunca mais ter que olhar nos olhos de Benjamim novamente.
Percebendo o constrangimento que causava a Antonela, ele recuou.
— Ótimo! – Benjamim murmurou se afastando para longe – eu agradeço sua preocupação, mas meu advogado já está a caminho. Eu não preciso da sua defesa.
Ela tinha todo um discurso preso na garganta, mas não conseguiu pronunciar nenhuma palavra sequer. Após perceber a humilhação pela qual estava passando, girou os calcanhares, pronta para ir embora, quando Vladir lhe disse finalmente.
— Eu não pretendia deixar o senhor Benjamim preso, Antonela – seus pés travaram no chão quando lentamente ela girou o pescoço para olhá-lo – ele será solto, não se preocupe. Mas o que realmente me deixa intrigado é porque você o defende depois de ele ter abandonando-a no altar e depois sair dizendo por aí, com um tom debochado, que havia se livrado de uma mulher defeituosa, incapaz de gerar herdeiros para ele.
— Cale a boca, seu maldito! – Benjamim avançou na direção de Vladir, mas não ousou tocá-lo. Um policial apareceu imediatamente na sala e precisou contê-lo. O olhar dele se encontrou com de Antonela e ela parecia perdida com o que acabara de ouvir.
— Então, você se casaria comigo só para ter filhos? – seu coração disparou e sua respiração ficou presa em sua garganta quando percebeu ele se aproximar.
— Eu disse precisarmos conversar – ela deu dois passos para longe dele – eu estava pronto para contar a você…
— Não me interessa saber – ela engoliu todo o choro, jamais permitiria demonstrar suas fraquezas diante de Benjamim – guarde suas verdades para si. O que aconteceu entre nós dois está no passado. Você ficou no passado.
Suas palavras suaram como veneno no coração de Benjamim. Sem reação, ele a observou partir rapidamente, mas foi impedido de persegui-la. Ainda que Vladir tivesse feito tudo de modo pensado e quanto aumentasse gradativamente o ódio de Benjamim, ele não reagiu. Havia felicidade no semblante do delegado ao realizar tal ato.
— Pode retirar as algemas dele – ordenou Vladir e foi um grande alívio Benjamim se ver livre daquele objeto – está intimado para comparecer outro dia.
Benjamim se aproximou dele, com um olhar fulminante. Vladir agia com tranquilidade, sem culpa nenhuma pelo que acabara de fazer.
— Você vai pagar pelo que fez – disse, mostrando os dentes cerrados – e isso é uma ameaça.
Ele correu para fora da delegacia na esperança de alcançar Antonela, mas a mulher havia desaparecido.
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