Capítulo 21 - o filho secreto do bilionário
- Erica Christieh

- 27 de nov.
- 5 min de leitura

Benjamim levantou uma sobrancelha ao perceber que Antonela continuava parada no mesmo lugar. Seu rosto não era nada amigável. Seus olhos cinzentos emitiam uma áurea fria e mortal.
Dominique balançou Antonela, para que ela se movesse e obedecesse às ordens de Benjamim. Entendendo o recado e um pouco resignada, ela caminhou até ele, passando entre o vão da porta e sem perceber, encostando seu corpo no dele.
O toque foi rápido, mas causou arrepios involuntários nela que foi impossível de evitar. Embora fizesse muito tempo, Benjamim ainda conseguia mexer com os sentimentos que Antonela negava sentir por ele.
Assim que a porta se fechou e eles ficaram sozinhos no escritório bem iluminado, a expressão no rosto dele mudou. Com as mãos enfiadas nos bolsos, ele deu um passo à frente, ficando próximo demais dela.
Antonela odiava a sensação que ele causava nela. Queria fugir, ficar o mais longe possível dele, mas era impossível. Benjamim jamais a deixaria em paz.
— Por que não obedeceu a minhas ordens ontem, para voltar a empresa?
O semblante de Antonela indicava que aquele não era a melhor maneira de começar a conversa. Benjamim percebeu isso, mas seu tom permaneceu duro. Ninguém nunca fez ele ser gentil, nem mesmo Antonela teria esse poder.
— Você perdeu a memória depois do acidente? – Ela manteve o queixo erguido e em nenhum momento abaixou o olhar – porque o que você está dizendo deve ser uma brincadeira.
— Acha que estou brincando, Antonela? – Ainda com as mãos enfiadas nos bolsos, aproximou o rosto a centímetros do dela – tínhamos uma conversa para terminar, eu me lembro perfeitamente disso.
As palavras de Vladir ecoaram em sua mente. Um segundo depois, ela se afastou como se sentisse repúdio dele pelo que ouviu e pelo que ele conseguiu fazer.
— O seu pai esteve na minha casa ontem – a revelação não surpreendeu Antonela, mas ouvir falar de Henrico tornava as coisas ainda mais difíceis – e eu contei a ele toda a verdade.
Dessa vez, o choque atingiu em cheio seu coração. Antonela chegou a pensar que Henrico soubesse daquilo desde o princípio, mas que não confessava por orgulho. Suas pernas perderam a força e ela mal percebeu que quase caiu, mas os braços de Benjamim a seguraram tão rapidamente que até mesmo ela se assustou. Com as mãos em torno de sua cintura, ele a conduziu até o sofá e a colocou lá.
Ela tentou controlar o nervosismo, em vão. Suas mãos tremiam e ela observou Benjamim, pedi auxílio à secretaria para que trouxesse um copo de água para Antonela. Ele voltou e se sentou ao lado dela e tocou seu rosto. Ela não conseguiu fugir do seu toque, estava fraca demais até mesmo para pensar.
— Você está gelada – ele disse, agora sua voz demonstrava preocupação – e pálida. Acho melhor levá-la a um hospital.
— Eu não vou a hospital algum – disse quando a secretaria entrou no escritório e ofereceu a ela a água. Antonela só voltou a falar quando a mulher se retirou – qual foi a reação dele?
O rosto de Benjamim escureceu instantaneamente. Ele abaixou o olhar e formulou as palavras, as organizando da maneira correta para dizer a ela. Benjamim se culpava pelo péssimo relacionamento que Antonela tinha com o pai. Se ele tivesse se casado com ela, teria certamente evitado muita dor.
— Ele reagiu da mesma forma que você – respondeu quando o olhar dela se encontrou com o dele – Henrico havia ido a minha casa exigir que eu demitisse você.
Aquilo piorou ainda mais os sentimentos no coração de Antonela. Uma lagrima riscou seus olhos, mas ela não permitiu que caísse. Um nó sufocou sua garganta, impedindo que ela continuasse a falar.
— Não era para terminar assim – Benjamim tinha um discurso muito bem-organizado e um comportamento calmo – eu precisava de herdeiros e prometi ao meu pai antes dele morrer que me casaria com uma mulher que cumpriria essa função.
Antonela sorriu tristemente. Sentia-se como um objeto sendo trocado por algo banal.
— Por isso fez um acordo com o meu pai para que eu me casasse com você – ela concluiu o obvio e se levantou, se afastando dele.
Ela ainda se sentia ligeiramente tonta, mas não suportava mais ficar perto dele por vários motivos, dessa vez devido ao ressentimento. O copo com água quase caiu de suas mãos quando ela o depositou sobre a mesa.
— Seu pai precisava de dinheiro, então fizemos um acordo – a sensação que Antonela tinha era que todas às vezes que Benjamim abria a boca as coisas pioravam um pouco mais – no dia do casamento, eu recebi algumas fotos suas, alteradas, e me disseram que você era incapaz de me dar herdeiros. Então eu desistir do casamento.
Aquele homem era muito cínico. Antonela tinha um bolo de palavras entaladas em sua garganta prontas para serem ditas. Ela fechou os olhos, pronta para explodir, mas não foi isso o que aconteceu.
— Por que está me contando isso? – ela questionou sem olhar nos olhos dele.
— Você precisava saber – ele pigarreou, quando o seu coração se afundou no peito – aquela noite não foi de proposito.
Ela sentiu um enorme desconforto ao ouvi-lo dizer aquilo. Como não foi de propósito? Ele sabia exatamente quem era ela. Horas antes, havia abandonado ela no altar e depois a enganou e a levou para a cama. Benjamim não teve nem mesmo a decência de procurá-la após descobrir a verdade. Não teve coragem para pedir desculpas. Nem mesmo agora estava pedindo.
Sendo assim, ele não merecia suas considerações e ela não se humilharia, exigindo qualquer explicação. Se virou para olhá-lo. Surpreendentemente, a expressão no rosto de Antonela era de indiferença. Não havia nenhum traço de dor por tudo o que ela havia escutado.
— Quem disse a você que eu era uma mulher defeituosa?
Benjamim engoliu a própria saliva, sentindo-a rasgar sua garganta. Não deveria ser ele a contar a ela a verdade, mas Benjamim sabia que Alessia jamais cumpriria aquele papel.
Só depois de alguns segundos em silêncio, corajosamente, ele respondeu.
— Foi a Alessia.
A cabeça de Antonela quase explodiu. Aquilo era óbvio, somente ela não havia percebido. Alessia, com sua mente diabólica, havia conseguido o que tanto queria. Primeiro afastou Benjamim, impedindo seu casamento, e depois se tornou noiva dele. Era o cheque-mate final.
— E mesmo sabendo que ela mentiu para você, decidiu prosseguir com o casamento?
Antonela quase não suportou o silêncio dele. Ele não se casaria com ela por ser defeituosa, mas se casaria com Alessia mesmo ela sendo uma mentirosa compulsiva.
— Claro, tudo pelos herdeiros da família Dylon – ela usou a ironia para atingi-lo em cheio – sinceramente, eu desejo toda a felicidade para vocês dois e que a Alessia encha sua casa de filhos. Ela é mais capaz do que eu para fazer isso.
As palavras de Antonela foram cortantes e mexeram profundamente com Benjamim.
— Está dizendo que não se importa com nada do que aconteceu? – Ele perguntou e Antonela percebeu uma ponta de decepção na voz dele.
— Eu não me importo – ela repetiu – aliás, devo agradecer à Alessia por me livrar desse casamento. Eu seria muito infeliz ao seu lado. E se isso é tudo o que o senhor tem para me dizer, eu vou me retirar.
Benjamim ficou sem reação, como se as palavras dela silenciassem as suas. Antonela olhou para ele pela última vez e se retirou, deixando Benjamim sozinho com a própria escuridão.
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