Capítulo 29 - o filho secreto do bilionário
- Erica Christieh

- 17 de jul.
- 5 min de leitura

Benjamim ficou por tanto tempo no escritório analisando cada relatório que, quando saiu do prédio, percebeu que Alessia já havia partido. De fato, Antonela havia sido bem mais do que eficiente e ágil, ela havia também sido genial. Ele pegou o celular que estava no bolso do paletó e discou o número dela.
O contato de Antonela estava entre seus favoritos, e nem era por ser a ligação que ele mais executava.
Ele instalou os lábios ao perceber que o telefone estava fora de área. Certamente Antonela havia feito de proposito para não ser incomodada por ele. Em seguida, ligou para Alessia, mas ela não atendeu.
O que estava acontecendo com as mulheres daquela família?
Com o coração pesado, ele entrou no carro decidido ir para casa descansar.
Alessia olhou para a tela do celular enquanto o nome de Benjamim chamava insistentemente. Ela nunca rejeitava uma ligação dele, ainda mais depois de tantos desentendimentos e com o seu relacionamento beirando a ruína. Ela ignorou, quando olhando para longe, viu o carro onde Antonela estava sair da estrada ir por um caminho de chão.
Aquela era a área rural da cidade. Quando o carro parou e Antonela desceu do veículo, Alessia desligou o motor para não levantar suspeitas e ficou observando o movimento de longe. Aquela era a velha chácara de Carmélia, ela já havia ido ali algumas vezes quando ela e Antonela se relacionavam como irmãs. Esse fato havia ocorrido há tanto tempo que Alessia nem se lembrava a idade que tinha.
O lugar permanecia intacto como se tivesse parado no tempo. Embora a tinta na parede estivesse descascando, era como voltar a sua infância, onde ela e Antonela saia correndo pela porteira para se esconder de Dominique.
Lembrar que havia sido amiga de Dominique um dia causou estranheza nela, ainda mais ter a sensação de que gostava disso. Alessia não se recordava do momento em que esse laço foi quebrado entre elas, em que momento passou a odiar a própria irmã. Certamente na adolescência, quando percebeu que Antonela era mais bonita e inteligente do que ela poderia ser um dia.
Seus pensamentos evaporaram quando ela viu Antonela correndo com uma criança nos braços e entrando no carro de Dominique. Logo Carmélia e Dominique entraram no veículo e passaram por ela voltando a estrada principal.
Quando ela finalmente conseguiu controlar as batidas do coração, voltou a ligar o carro e seguir Antonela para finalmente descobrir quem era aquela criança afinal. Com pura força de vontade combateu a vontade de segui-las mais de perto, para tentar talvez ver o rosto da criança e buscar descobrir com quem ela se parecia.
Diminuiu a velocidade, deixando que o velho Chevette fosse a frente. Seria um grande risco deixar que alguém percebesse que ela os seguia. Viu o veículo fazer o retorno entrando na cidade e alguns minutos depois parar no estacionamento de um hospital.
Na mesma velocidade que Antonela entrou no carro, ela saiu, em passos largos levando a criança para dentro da emergência. Foi impossível ver o rosto da criança naquela distância, nem mesmo poderia dizer se era um menino ou uma menina, mas Alessia presumiu que ele tivesse entre três e cinco anos e que a criança era filho de Antonela.
Precisou de um tempo para absorver tudo o que estava vendo. Naquela manhã Henrico contou a ela sobre o encontro que ele tivera com Antonela e no desespero que Benjamim tinha em saber onde sua irmã mais velha estava morando.
Henrico aconselhou ela a se casar o mais rápido possível com Benjamim antes que Antonela acabasse com o seu noivado.
A relação deles era muito discreta e aquele noivado já se arrastava por quase três anos. Alessia sempre tentou não complicar as coisas para Benjamim, sendo uma noiva amorosa e disponível sempre quando ele precisasse, mas com o retorno de Antonela e no deslumbre que Benjamim sentia aparentemente por ela, as coisas se tornavam urgentes, de modo que Alessia sentia perder o controle de toda a situação.
De repente uma ideia passou por sua mente e imediatamente ela se negou a aceitar. Era impossível aquela criança ser filho de Benjamim. Alessia não tinha conhecimento de que os dois haviam se relacionado. Ele abandonou Antonela no altar. Aquela criança era filho de outro homem qualquer e talvez por isso Antonela vinha escondendo sua localização para que ninguém descobrisse.
Seu coração socava descontroladamente o seu peito. Desceu do carro porque sentia a garganta fechar. Mas ela não poderia viver com aquela dúvida, era necessário descobrir a verdade para assim se prevenir de danos futuros.
Alessia caminhou até a entrada da emergência, mas se viu obrigada a parar quando viu Antonela sentada de costas, esperando atendimento. Ela desviou o olhar, pousando sobre o garoto que estava ao lado dela. Ele era ruivo e vestia um casaco de lá preto, mas Alessia não conseguiu ver o rosto dele.
Se aproximou um pouco mais, arriscando a própria segurança. Parou ao lado de uma árvore, debaixo da sombra, deixando sua presença quase invisível. Quando o garoto virou o rosto, Alessia levou um susto. Ele era lindo com os seus pequenos olhos azuis e as bochechas grandes e coradas.
O garoto se parecia com Benjamim. O coração de Alessia afundou no peito. Ela passou a mão sobre o cabelo solto que o vento bagunçou quando uma mão repousou sobre o seu ombro, aumentando ainda mais a tensão sobre ela.
Alessia já deveria ter ido embora dali quando seus olhos repousaram sobre o menino, mas ela decidiu ficar e, quando seus olhos se encontraram com os de Dominique, ela levou o maior susto de sua vida.
Dominique desviou o olhar até Antonela e Adam e percebeu as intenções de Alessia.
— O que você está fazendo aqui? – Dominique questionou com o olhar frio sobre ela.
Mas Alessia não tinha uma resposta convincente que a inocentasse de espionagem. Ela não havia pensado na possibilidade de ser pega.
— O que as pessoas fazem no hospital, Dominique – engoliu todo o medo e se armou com ironia – ou eu estou proibida de ficar doente também.
Dominique deu um passo à frente já com os punhos fechados. O que ela desejava mesmo era dar uma boa lição em Alessia, como há muito tempo desejava.
— Você me parece muito bem de saúde – Dominique reiterou com a voz severa e autoritária, – uma pessoa que precisa de atendimentos médicos, não se esconde debaixo das sombras das árvores.
Rindo e menosprezando Dominique, Alessia desviou o olhar, voltando sua atenção novamente para Antonela e corajosamente perguntou.
— Quem é o garoto ao lado da minha irmã?
— Não é do seu interesse – rosnou Dominique ao perceber que Alessia estava espionando Antonela.
— Imagine o que as pessoas vão falar quando souberem que a vadia da minha irmã teve um filho que provavelmente ela nem sabe quem é o pai.
A voz de Alessia foi silenciada com o aperto que Dominique projetou contra sua garganta. O rosto de Alessia se tornou vermelho, quando finalmente ela a soltou com brutalidade.
Aproximando-se novamente de Alessia, que encurvada buscava recuperar o folego, Dominique agarrou seus longos cabelos, obrigando-a a olhar em seus olhos.
— Juro que se você repetir isso de novo, vou te dar a surra que o Henrico nunca conseguiu oferecer a você – soltou ela, embora desejasse arrancar cada fio da sua cabeça – vai embora daqui antes que eu me arrependa de ser boa com você.
Sabendo que jamais venceria uma briga com Dominique, Alessia olhou para ela pela última vez e saiu com passos largos até o seu carro, fugindo como uma covarde.
Dirigiu em alta velocidade em direção à casa de Benjamim. Ela precisava saber da verdade. Saber de uma vez por todas se existia qualquer chance daquele menino ser filho de Antonela e Benjamim.
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