Capítulo 16 - o filho secreto do bilionário
- Erica Christieh

- 17 de jul.
- 5 min de leitura

— Pare o carro imediatamente – Antonela exigiu, mas foi completamente ignorada.
Percebendo que ele não faria, ela puxou o freio de mão. As rodas do eixo traseiro travaram e o carro rodou no meio da pista movimentada, seguindo a direção do volante, quase causando uma tragédia. Quando o veículo finalmente parou, houve uma batida na traseira, fazendo Benjamim se machucar.
— Você está louca, Antonela? – Ele colocou a mão na testa quando percebeu o sangue escorrer. Com a visão turva e os sentidos abalados, ele mal havia percebido o motorista do outro veículo se aproximando e, quando Benjamim saiu para conversar, levou vários socos no rosto.
A polícia precisou ser acionada. Antonela correu para socorrer Benjamim, que agora sangrava, caído no meio do asfalto. Seus olhos ficaram glaciais quando ele a viu.
— Agora nós dois vamos parar em um hospital – ele disse com arrogância, fazendo Antonela se assustar.
Quando se recompôs do susto, ela se levantou. Não permitiria que ninguém a humilhasse. Olhou para ele de onde estava e, com o rosto vermelho, lhe disse.
— Se você parasse de se meter na minha vida, certamente não estaríamos aqui – ela elevou a voz na mesma proporção que Benjamim se levantava – eu não vou dizer onde estou morando e não vou com você para lugar nenhum.
— Então tudo isso é porque você tem medo de que eu descubra onde você está morando? – os olhos de Benjamim se estreitaram – o que você tanto esconde, Antonela?
— Isso não seria da sua conta – ela girou os calcanhares para partir. Aquela conversa estava seguindo um rumo perigoso, levando Antonela para beira do precipício.
Percebendo que ela sairia sem respondê-lo, Benjamim agarrou o seu braço pela segunda vez naquele dia e a puxou para perto.
— Se você vai trabalhar para mim, é do meu interesse – sua voz havia ficado tensa e Antonela sabia o quanto ele estava tentando se segurar. Benjamim odiava escândalos públicos.
Quando percebeu que as pessoas paravam para filmá-los, ele a soltou.
— Me demita, então – ela disse, enquanto massageava o lugar onde ele havia apertado – mas pode esquecer essa ideia de saber onde estou residindo.
Do canto dos seus olhos, Benjamim viu pessoas olhando para ele e sussurrando entre si. Ele se controlou para não pressionar ainda mais, lembrando-se de que era um homem público e todos naquela cidade o conheciam. Um escândalo naquela proporção poderia até mesmo prejudicar os seus negócios.
Antonela olhou para ele pela última vez, percebendo que Benjamim se sentia acuado e então ela resolveu partir.
— Para onde vai? – Ela ainda conseguiu ouvi-lo, quase sussurrando – o que acha que está fazendo, Antonela?
— Vou para o hospital sozinha – ela disse, quando, em um gesto, pediu carona. Quando o carro do desconhecido parou e ela, sem pensar duas vezes, entrou no veículo, Benjamim achou que ela estava enlouquecendo – se eu fosse você, se preocupava com outras coisas. Agora você tem problemas bem maiores.
Ela apontou para além dele e, quando Benjamim se virou, viu dois policiais caminhando em sua direção. Se virando novamente para olhar para Antonela, percebeu que ela não estava mais lá, o carro havia partido.
Ele não teve a chance de ir atrás dela e salvá-la das suas próprias loucuras. Os policiais o chamaram para conversar, já que havia sido Benjamim que causara um acidente e um enorme congestionamento em toda a cidade.
Após descer do veículo em frente ao hospital, Antonela caminhou apressadamente, deixando seus pés a levarem quase sem rumo sem saber exatamente o que fazer. Aquele era apenas o seu primeiro dia de trabalho e dezenas de coisas ruins já haviam acontecido. Se cadastrou no sistema e esperou o atendimento médico. Seu celular vibrou várias vezes e nelas todas era Benjamim ligando. Ainda que a culpa pelo que aconteceu fosse exclusivamente dela, ela não queria ouvi-lo.
Sua mente estava em frangalhos.
Seu telefone tocou pela décima vez, mas ao perceber quem era, ela o levou até o ouvido e atendeu a ligação.
— Antonela, onde você está? – perguntou Dominique e parecia frenética.
— No hospital público da cidade – admitiu com tristeza.
— Não saia daí, estou indo vê-la – a ligação foi encerrada antes que Antonela pudesse protestar ou impedir Dominique de fazer aquilo.
Trinta minutos haviam se passado e não havia nenhum sinal de que Antonela seria atendida. Ela começava a repensar a ideia de permanecer naquela cidade. Desde o dia em que voltara para aquele lugar, tudo havia dado errado. Antonela só desejava proteger Adam de ser rejeitado pelo próprio pai. Ela mal percebeu quando Dominique chegou e sentou-se ao seu lado. Sentiu seu abraço caloroso e observou seu semblante preocupado.
— Benjamim está louco atrás de você – ela disse enquanto Antonela sorria melancolicamente – ele me ordenou que a encontrasse. O que aconteceu?
— Provoquei um acidente quando ele continuou insistindo em saber onde estou morando – Antonela disse isso fervilhando de raiva – e eu o abandonei no meio da estrada quando os policiais chegaram.
— O quê? – Dominique não acreditava nos seus ouvidos. Ficou pálida de repente, colocando a mal no rosto e pensando sobre o que havia escutado – você queria matar o pai do seu filho só para que ele não descobrisse sobre o Adam?
— Você está simplificando demais as coisas – Antonela fez uma careta ao ouvir o discurso de Dominique – é um direito meu manter o meu filho seguro, nem que seja do próprio pai.
— Eu não vejo o Benjamim como ameaça para o Adam – o tom de Antonela a deixou com a língua amarrada. Dominique sabia que nenhum argumento convenceria Antonela a mudar de ideia – não vamos falar sobre isso, arrumaremos uma solução. Você quer manter o Adam escondido? Nós manteremos.
Dominique pegou o celular da bolsa e fez uma ligação.
— O que vai fazer? – Antonela olhou para ela assustada.
— Vou arrumar aquela velha casa e nós duas vamos morar lá – Antonela revirou os olhos, Dominique não desistiria tão fácil dessa ideia – se o Benjamim quer um endereço, nós daremos a ele.
Antonela não teve tempo para protestar ou discutir sobre o assunto. O nome dela foi chamado e ela entrou no consultório para ser atendida. Quando finalmente voltaram à empresa, parecia tudo resolvido. Dominique parecia animada com a ideia de morar ao lado de Antonela.
Mas Antonela só pensava em Benjamim e na reação que ele teria ao vê-la novamente. O que não aconteceu. A notícia chocou Antonela, que, colocando a mão no rosto, expressou toda a sua vergonha pelo que havia acontecido.
— O senhor Benjamim está na delegacia prestando depoimento – deixou escapar a verdade amarga que apertava o seu peito – ele não virá mais para a empresa hoje.
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